Escondido em Botafogo, Zona Sul do Rio, em um edifício misto residencial e comercial, funciona o ateliê da trupe Pequenalegria, que oferece mini oficinas de mediação de leitura, escrita poética, música e contação de histórias a um valor acessível.
A proposta do espaço é que as aulas caibam em bolsos de todos os tamanhos. Nas oficinas, iniciantes e avançados se misturam para trocar experiências, dividir conhecimentos.
Esse curso aconteceu nesta sexta e sábado. Fiquem de olho a novas datas. |
Na contramão da crise econômica que está fechando pequenas editoras, livrarias e bibliotecas no Rio, o PequenAlegria nasceu no ano passado e só prospera. "Estamos trabalhando muito", comemora a pedagoga Lúcia Morais.
Com as amigas Arlene Costa e Márcia Costa, Lúcia fundou o grupo em 2014, com a bênção de dois mestres do "contar histórias", Benita Prieto e Francisco Gregório, padrinhos oficiais.
As três sócias, em 2015, decidiram focar e investir no que amam fazer e estão conquistando parceiros, apoiadores, novos espaços e até financiadores para seus sonhos.
Além das oficinas, elas desenvolvem projetos de promoção de leitura e escrita literária. Um deles é a programação da Biblioteca do Lajão, no morro dos Tabajaras, em Copacabana. Esta é segunda biblioteca comunitária coordenada por Lúcia, conhecida na comunidade por ter formado uma geração de jovens que gostam de ler e escrever.
Moradores do Tabajaras compartilham leitura na biblioteca GiroLivro em 2014 / Foto: Acervo Lúcia Morais. |
Grande alegria
Eu estava esperando uma oportunidade para ir lá fazer uma aula. A Lúcia, pra quem não lembra, é personagem do meu livro "A Recontadora de Histórias" (Livros Ilimitados, 2014). Além de ser minha amiga, é uma das pessoas que eu mais admiro entre os profissionais da cadeia de livros. Hoje convivemos pouco no dia a dia, ela está sempre muito ocupada com o Pequenalegria. Mas acompanho tudo o que ela fez com alegria imensa.
Na verdade só conheço uma pessoa que é tão dedicada ao trabalho de promover os livros e a produção literária quanto ela. E que tem a mesma generosidade e prazer de compartilhar o que sabe com os outros. Independentemente de quem sejam 'os outros' e o que eles podem dar em troca: é a Ninfa Parreiras.
Para o post não ficar grandão, vou mostrar produção de hoje. A inspiração foi uma folha de samambaia toda trabalhada ao sabor do tempo, que eles distribuíram.
Tempo voa folha
Perguntei ao sol o que é o tempo
Perguntei às marés, perguntei às luas
Perguntei à história, perguntei à memória
O que é o tempo
Passou, passaram
Cabelos cresceram
Estrelas nasceram
Caíram folhas
Voaram, voou
Voa o Assum faminto
Ligeiro arma uma armadilha
Sobre a flor se assanha
Passou, passaram
Cabelos cresceram
Estrelas nasceram
Caíram folhas
Voaram, voou
A segunda proposta foi fazer um haicai, que eu achava dificílimo, nunca tinha rolado. Esse eu dedico à Pepita Sampaio Sekito, que dividiu comigo a pequena grande alegria de hoje e vive soprando ventos do Oriente.
Ligeiro arma uma armadilha
Sobre a flor se assanha