quinta-feira, 27 de junho de 2024

Longe demais sem sair do lugar


Escrever é doer pra fora. Enquanto escrevo sobre a dor, o tempo escorre entre os dedos. Escrevo para conversar comigo o que não posso conversar com os outros. Ou não devo. Ou não deveria querer. Era bom que não tivesse nem mais vontade de conversar, conhecer, perguntar, querer. Era bom que fosse só alguém já esquecido porque não tem importância ainda nenhuma na linha do tempo. Uma vez me disseram que eu gosto das pessoas sem saber se é pra gostar, sem saber se a pessoa é digna desse meu gostar. Dou alto valor sem pesar o real valor e depois me frustro. Dessa vez foi longe demais sem sair do lugar. Queimou a largada. E te pergunto sem perguntar se foi de propósito. Sem foi sem pensar que você pensou (e ousou escrever) aquelas coisas. Se foi sem permissão que você se permitiu. Se foi o limite que não te dei que você quis ultrapassar, quis ver onde podia chegar. Se foi por ascendente que você insistiu ou se é de lua. Se é lunático. Não acho as respostas que te levam às perguntas e respostas que você me deu. Tudo acabado sem fim mais uma vez. Mais uma história que ia começar e não começou. Que sina me apontaram, que praga me rogaram? Quem pode falar pra mim o que quer?