terça-feira, 4 de abril de 2017

Vem escrever!

No domingo, uma amiga que estuda aromaterapia contou. De todos os sentidos, mesmo sendo mais lento que os outros, o olfato é o que faz a conexão mais rápida com o cérebro, através do Sistema Límbico, onde nascem e ficam armazenadas as emoções.  Ela disse que a memória de um cheiro nunca mais desaparece. Papo de que guardamos mais de 40 mil cheiros de cor, de coração, de memória. Ou seja, a memória do coração está no olfato. Gostamos do que gostamos de cheirar. Nos afeiçoamos e nos atraímos pelo cheiro. Pra mim faz sentido.

E não é só aquele perfume que sabemos o nome, não. No que o olfato capta, a memória guarda, sem nos darmos conta. Fica lá. Às vezes nos lembramos de pessoas sem saber que essa lembrança nos chegou através da nossa perfumaria interna. Não estão catalogados, mas estão lá. 

Eu adoro esse papo de memória e da relação que ela têm com nossos sentidos e nossas emoções profundas e ocultas. Eu sempre fiz diário, que é um baú de palavras sobre sentimentos, sensações e emoções. A minha literatura é assumidamente autobiográfica, embora trabalhada em técnica, cortes e acréscimos de faz-de-conta. Faz parte.

Hoje estou pesquisando para montar os programas dos encontros do Laboratório de Escrita do Liberte o Escritor, que vou começar a fazer aqui em casa, para incentivar pessoas que querem escrever literatura (eu, inclusive) e gostariam de ter um espaço (físico e de tempo) para laborar.  De quebra, quem vier pro grupo vai ter um espaço de escuta de seus textos, e de troca para exercitar sua criação, além de alguns elementos e técnicas e otras cositas más.




As oficinas-musicais do Liberte o Escritor foram criadas a partir da minha experiência particular como escritora. Eu sempre juntei as duas coisas. Ouvir música, cantar, improvisar-compor e escrever. Ou seja, minhas referências na literatura são musicais também. Muita coisa que eu escrevo, começo cantando de improviso, brincando de fazer música e depois vai virando poema, história.

A melodia não pega, por exemplo, porque não tenho instrumento para tirar a harmonia nem conhecimento de música o suficiente. Mas quando escrevi o projeto, eu não sabia como seriam as oficinas. Criei uma oficina que era quebrada por números musicais. Ou pode ser um show com interferências em que eu ia falando de elementos utilizados na escrita pelos escritores e compositores. De possíveis fontes de inspiração à  figuras de linguagem e licença poética. Da escrita autobiográfica à crítica social.  Achei que a música acessaria no jovem a literatura, pela linguagem, pelas ideias, pela força das palavas, como faz comigo. Com o jovem, deu certo. Agora, com os adultos, vou estimular a criação atiçando a memória e a bagagem através dos sentidos, mas também trabalhando alguns recursos e técnicas que aprendi em uma década como aluna de oficinas.


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