sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Menina na calçada

Em dezembro dorme o inverno
Em algum lugar bem longe de cá
Se sabe impotente diante da beleza das garotas de Ipanema, Terceira Ponte, Guarujá

Um dia simplesmente aporta
E arranca da gaveta os casacos de lã, as botas e os cachecóis
E faz filhos por aí debaixo dos lençóis

No Leblon,  a alma da menina está com o inverno a sós
E suspira por um chá da caridade alheia

O vento, os cabelos da menina penteia
E seu corpo estremece diante de nós
No chão por onde passo todos os dias
Com os pés forrados de sapatos

Mas é como a um filme que assistimos
Espectadores da vida somos

Sigo voltando pra casa vestida de lã
A menina de short está muda na calçada
Contra a morte ela dormirá perto de mim, o corpo gelado
E mais nada.
Hoje, amanhã e sábado




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