Em dezembro dorme o inverno
Em algum lugar bem longe de cá
Se sabe impotente diante da beleza das garotas de Ipanema,
Terceira Ponte, Guarujá
Um dia simplesmente aporta
E arranca da gaveta os casacos de lã, as botas e os
cachecóis
E faz filhos por aí debaixo dos lençóis
No Leblon, a alma da
menina está com o inverno a sós
E suspira por um chá da caridade alheia
O vento, os cabelos da menina penteia
E seu corpo estremece diante de nós
No chão por onde passo todos os dias
Com os pés forrados de sapatos
Mas é como a um filme que assistimos
Espectadores da vida somos
Sigo voltando pra casa vestida de lã
A menina de short está muda na calçada
Contra a morte ela dormirá perto de mim, o corpo gelado
E mais nada.
Hoje, amanhã e sábado
Nenhum comentário:
Postar um comentário