Escureceu
e Teca percebeu que tudo era uma vez.
Só uma mesmo. Nunca podia ser duas vezes ou três, muito menos muitas. E tinha
que ser uma de cada vez.
Ela
já tinha reparado que a segunda-feira também não chegava de novo, e até que
isso ela achava bom. Mas quando se deu
conta de que o dia seguinte não era outro domingo, não danou a chorar. Ela era
valente! Decidiu pagar pra ver.
Aí disseram pra ela que o problema era do tempo
das coisas. O tempo é que não deixava nada acontecer de novo. Disseram que o mar,
a cada segundo, é outro mar. O mundo parece o mesmo, mas é outro mundo.
- As pessoas
também mudam um pouco todo dia, sabia?
-
Só em livro é que o “Era uma vez” se
repete?
-
Nem em história, garota! Nunca ouviu dizer que “quem conta um conto aumenta um
ponto”? E se a sua avó lê um livro, a
história não é a mesma contada pela sua mãe.
Antes
do dia ir embora, Teca resolveu falar com o Tempo.
-
Eu quero falar com Dez Para Meia-Noite.
-
Aqui não tem hora marcada. É por ordem de chegada.
Teca
viu o Tempo passando, e achou-o bem mais apressado do que quando passava pela
aula de matemática. Ele não ficava parado e ela corria, corria, mas não
conseguia alcançá-lo. Até que aproveitou um minutinho simpático e gritou:
-
Ei, Seu Minuto!
Mas
o danado voou. E veio outro, se aproveitando:
-
Que foi?
Teca
percebeu que eles eram quase iguais, mas não o mesmo.
Vieram
vários segundos, cada um de uma vez, cada um diferente do outro. E quando o dia
estava quase indo mesmo pra sempre, ela se colocou na frente do primeiro minuto
que se preparava pra entrar em cena e suplicou:
-
Ei, Seu Quase-Hoje, será que o senhor pode seguir o Quase-Ontem e fazer tudo
igualzinho amanhã?
Mas
Ele já tinha escapulido.
Teca
se levantou da cama e viu, pela janela, que o Sol que tinha brilhado no domingo
cedera lugar no céu a nuvens nunca
vistas antes.
(set 2013)
;) adorei!
ResponderExcluirLindo Soleil! Dialética pura! S2
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